sábado, março 18, 2006

Atributos da Divindade (q. 10 a 13) - Conclusão

Olá a todos,

Vamos à conclusão do estudo da semana?

1. Explique a frase: “Na infância da Humanidade, o homem O confunde (a Deus) muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui”;

É sempre prudente nos lembrarmos que somos Espíritos em evolução, não-evoluídos ainda. Por mais que nos orgulhemos dos nossos avanços no campo da razão, da tecnologia, dos confortos que a inteligência nos proporciona, ainda somos muito limitados, estamos como bebês que imaginam que todo o Universo está circunscrito ao seu berço.

Existindo em nós o sentimento inato da existência de Deus, atribuímos Sua presença conforme nosso adiantamento intelectual. Como seres limitados, queremos impor limites a Deus, queremos traçar-Lhe uma imagem. Na verdade, precisamos de uma imagem para O compreender. A primeira imagem que ocorre é a antropomórfica, isto é, um ser como nós mesmos, no entanto dotado de poderes maravilhosos. Atribuímos nossas imperfeições ao deus que concebemos, assim, imaginamo-Lo com os defeitos, com as inseguranças, com os vícios que fazem parte temporariamente de nossa natureza. Digo temporariamente porque é da Lei o nosso progresso: haveremos de nos purificar, malgrado o “prazer” que sentimos ainda com nossa inferioridade.

As religiões dogmáticas, que já deveriam estar superadas, contribuem enormemente para a idéia do deus-com-forma-humana. O Velho Testamento, nos dizeres de Emmanuel, um repositório de conhecimentos secretos dos iniciados do povo judeu, em muito reforça a idéia do deus vingativo, irado, ciumento, violento, parcial, cheio de preferências, de escolhidos e amaldiçoados. A um deus como esse não se pode amar, mas apenas temer. Um grande amigo meu, evangélico, diz que não devemos apenas temer, é preciso tremer diante diante de Deus. Será?

A grande mensagem de Jesus, contida nos Evangelhos, é a de apresentar uma nova idéia da Divindade: a de um Pai amoroso, misericordioso e justo. A despeito disso, o povo daquela época não conseguiu se desvencilhar da idéia anterior e, até hoje, muitos irmãos preferem o deus-antigo, o de Moisés, que foi necessário para incutir o medo ao povo hebreu que deixava o cativeiro no Egito e que seguia para a Canaã prometida. São os amantes da letra, sobre quem já falamos.

E qual a idéia da Divindade que o Espiritismo nos apresenta? Já não é mais o deus vingativo, mas uma Inteligência Suprema, a Causa primária de todas as coisas. Não há imagem utilizada para nos dar uma idéia, já que o Ilimitado não pode ser definido pelo limitado. Essa definição é um roteiro para a compreensão da Divindade, é um caminho. Nossa compreensão acerca de Deus irá se alargando com o nosso progresso espiritual, até que possamos ter uma idéia mais completa e esclarecida de sua Natureza.
O link a seguir é interessante por mostrar as razões pelas quais um cientista deve acreditar em Deus:
http://www.guia.heu.nom.br/razoes_para_crermos_em_deus.htm

2. Qual o meio mais prático de nos aproximarmos de Deus e melhor O compreendermos?

A resposta à questão 115 de O Livro dos Espíritos nos dá uma pista: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns, aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.”

Fica clara, então, a recomendação de Jesus: “Sede perfeitos...” A nossa perfeição, moral e intelectual (espíritas, amai-vos e instruí-vos), é o meio mais prático de nos aproximarmos de Deus e melhor O compreendermos.

3. Refletindo em torno dos atributos de Deus, será que modificamos um pouco a idéia que fazíamos da Divindade?


Sim, claro. Submeta Jeová, o Espírito que guiava Moisés e o povo hebreu, aos atributos de Deus, contidos na questão de número 13 de O Livro dos Espíritos, e veja a transformação da idéia que fazíamos da Divindade.

Por falar em Jeová, “tudo faz crer que o protetor imediato da nação judaica era um Entidade mais ou menos identificada com a índole guerreira de raça. Cada homem, cada povo, tem o Guia Espiritual que merece, é dizer, compatível com o seu grau de evolução moral.” (Jayme Andrade, O Espiritismo e as Igrejas Renovadas).

Quando mencionamos o Velho Testamento, não fica aqui qualquer desrespeito aos que o têm na conta de “Palavra de Deus” e que, portanto, crêem na “infalibilidade da Bíblia”. Fica, sim, registrado o pensamento de J. Herculano Pires, à pág. 82, de Visão Espírita da Bíblia: “A Bíblia significa, para o Espiritismo, segundo a opinião de Kardec, de Léon Denis, e de tantos outros espíritas do Brasil e do mundo, um livro básico, cheio de verdades sublimes, de que até mesmo Jesus se serviu para a sua pregação do Reino. Verdadeiro monumento literário de um passado longínquo, representa um marco indelével da evolução espiritual do homem. Pouco nos importa que o Pentateuco tenha sido escrito por Moisés ou Hilquias, ou que os vários livros da Bíblia estejam repletos de episódios sangrentos e até mesmo de relatos de coisas imorais. Esses episódios e esses relatos se referem a um passado de milhares de anos, e são, por si mesmos, testemunhos escritos da evolução humana. Muitos deles são alegóricos, como advertiu Kardec, e se hoje nos causam espanto, ontem serviam para despertar consciências.”

Muita paz a todos!

domingo, março 12, 2006

Atributos da Divindade (q. 10 a 13)

Clique aqui para ler sobre esta importante figura do Espiritismo no Brasil

Olá a todos,


Na semana de 12 a 18 de março, nosso estudo será em torno dos atributos da Divindade, questões de 10 a 13 de O Livro dos Espíritos.


Vamos lá?


1. Explique a frase: "Na infância da Humanidade, o homem O confunde (a Deus) muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui";


2. Qual o meio mais prático de nos aproximarmos de Deus e melhor O compreendermos?

3. Refletindo em torno dos atributos de Deus, será que modificamos um pouco a idéia que fazíamos da Divindade?


Muita paz!

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Provas da existência de Deus (q. 4 a 9) - Conclusão

Olá a todos,

Vamos à conclusão do estudo desta semana:

1. Qual a possível relação entre a questão de número 4 de O Livro dos Espíritos e o aforismo de Kardec que diz: "Não há fé inquebrantável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade"?

Na questão de número 4, Kardec deseja saber onde se encontra a prova da existência de Deus. Os Espíritos respondem que esta prova pode ser encontrada na premissa de que todo efeito possui uma causa. Dessa forma, Deus é a causa de tudo o que existe no Universo. Lembram-se do "causa primária de todas as coisas"?

Quando respondem assim, os Espíritos estão explicando que a prova da existência de Deus se encontra também por meio da razão, isto é, se raciocinarmos adequadamente verificaremos que não há lógica na explicação de que tudo o que existe é obra do acaso, de um arranjo aleatório das coisas. Existe uma Inteligência suprema governando tudo, conduzindo, é uma mão invisível que dirige os destinos do Universo.

É dessa forma que se relacionam a resposta da questão e a máxima de Kardec que traz: "Não há fé inquebrantável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade". Não é um dogma, uma imposição, um "acredite porque está escrito". Trata-se de um raciocínio até certo ponto elementar: todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.

2. A partir do material de estudo desta semana, constatamos que podemos provar a existência de Deus tanto pela razão quanto pelo sentimento. Explique cada uma das formas.

O item 8, do primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, inicia-se assim: "A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral." A Ciência privilegia o raciocínio e a Religião, o sentimento. Por meio desses dois instrumentos ou dessas duas asas, conforme escreveu Emmanuel, o Homem alçará vôo rumo à Perfeição.

Quanto à utilização do raciocínio para compreender Deus já comentamos na questão anterior.

Além da capacidade de raciocinar, temos o sentimento inato, instintivo da existência de Deus. Quem de nós, para usar as imagens poéticas de Léon Denis, pode contemplar o céu com toda a vastidão de astros cintilantes e não enxergar a grandeza de Deus governando, imprimindo ordem e harmonia a tudo?

Sentimos Deus no sorriso de uma criança, na beleza de uma flor, no sentimento sublime do amor entre a mãe e o filho...

Enfim, sentimos Deus em tudo, quando temos olhos para ver. Não olhos físicos, mas olhos espirituais para compreender a grandeza que há em tudo.

Raciocinar e sentir. Talentos maravilhosos que Deus nos emprestou. Como na parábola, cumpre que os cultivemos, que os façamos prosperar, aumentar. Há tantos por aí que estão enterrando estes talentos...

3. Existe relação possível entre as questões de número 6 e a de número 621 de O Livro dos Espíritos?

A questão de número 6 trata do sentimento instintivo da existência de Deus que trazemos dentro de nós mesmos. Agora, a questão 621 é aquela na qual Kardec pergunta aos Espíritos sobre onde está escrita a Lei de Deus e eles respondem, na consciência.

A relação é cristalina. O sentimento instintivo da existência de Deus está gravado em nossa própria consciência. Como a semente traz em si os códigos de seus desenvolvimentos futuros, também trazemos, na consciência, a Lei de Deus. É por isso que buscamos naturalmente o que é bom, o que é belo e, também, é por esse motivo que a consciência arde com a culpa, com o arrependimento, com o remorso.

4. Por que os Espíritos afirmam que o orgulho gera a incredulidade?

O orgulho é uma falsa concepção que a pessoa tem de si mesma. Ela se vê mais importante que realmente é; ela se julga portadora de privilégios que não possui; ela se imagina uma sumidade, quando seus conhecimentos são muito restritos; ela pensa que todos a admiram, quando, na verdade, as pessoas a evitam; e por aí vai...

Como lemos no finalzinho dos prolegômenos, "o orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus". Para o orgulhoso, acreditar em Deus seria uma fraqueza inaceitável para a sua idéia de fortaleza. O argumento do orgulhoso, geralmente, é de que "a idéia de Deus é uma muleta dos fracos", algo que o homem criou para lidar com a sensação de impotência. O orgulhoso se sente muito forte diante da vida, seu olhar é altivo, vejam como ele caminha: levantando o joelho e pisando firme, como se estivesse esmagando tudo o que lhe está abaixo.

Não é de se admirar que grande parte dos ensinamentos de Jesus passa pela necessidade de humildade. Ou em outros termos, para nos aproximarmos do "Reino de Deus", temos que nos tornar humildes como as crianças, simples, mansos. Sendo como é, o orgulhoso afasta-se, cada vez mais, da compreensão do que seja a Divindade e, por isso, se torna um incrédulo.

Muita paz!