segunda-feira, junho 26, 2006

Inteligência e instinto (q.71 a 75) - Conclusão

Olá a todos,

Vamos concluir o estudo da semana?

Notem que as respostas deste estudo foram retiradas, integralmente, da obra A Gênese, de Kardec.

1. O que é o instinto?
A Gênese, Cap. III, item 11: O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário; que as plantas trepadeiras se enroscam em torno daquilo que lhes serve de apoio, ou se lhe agarram com as gavinhas. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios; que constroem, sem ensino prévio, com mais ou menos arte, segundo as espécies, leitos macios e abrigos para as suas progênies, armadilhas para apanhar a presa de que se nutrem; que manejam destramente as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe choca os filhos e que estes procuram o seio materno.

2. No homem, qual é predominante, o instinto ou a inteligência?
A Gênese, Cap. III, item 11: No homem, só em começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No próprio adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.

3. De que forma a inteligência se revela?
A Gênese, Cap. III, item 12: A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias.

4. A inteligência se desenvolve com o corpo ou é atributo da alma?
A Gênese, Cap. III, item 12: A inteligência é incontestavelmente um atributo exclusivo da alma.

5. Entre a inteligência e o instinto, qual poderíamos considerar um guia seguro, que nunca se engana?
A Gênese, Cap. III, item 12: O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar.
Ao ato instintivo falta o caráter do ato inteligente; revela, entretanto, uma causa inteligente, essencialmente apta a prever. Se se admitir que o instinto procede da matéria, ter-se-á de admitir que a matéria é inteligente, até mesmo bem mais inteligente e previdente do que a alma, pois que o instinto não se engana, ao passo que a inteligência se equivoca.

6. Considerando o ato de andar do homem, podemos dizer que se trata de ato instintivo ou inteligente?
A Gênese, Cap. III, item 13: No caminhar, por exemplo, o movimento das pernas é instintivo; o homem põe maquinalmente um pé à frente do outro, sem nisso pensar; quando, porém, ele quer acelerar ou demorar o passo, levantar o pé ou desviar-se de um tropeço, há cálculo, combinação; ele age com deliberado propósito. A impulsão involuntária do movimento é o ato instintivo; a calculada direção do movimento é o ato inteligente.

7. Considerando que o sentimento materno é um ato instintivo, não seria certo dizer que, de certa forma, o instinto tira o mérito do amor revelado pela maternidade, já que a mãe age por, diríamos, mero impulso da natureza?
A Gênese, Cap. III, item 15: O instinto materno, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, fica realçado e enobrecido. Em razão das suas conseqüências, não devia ele ser entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio. Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.

8. Sabendo que o instinto e a inteligência são recursos que a Providência Divina oferece aos animais e ao homem com o fim de se conservarem e protegerem, como fica o papel dos Espíritos protetores, encarregados de ajudarem seus protegidos? A teoria do instinto e da inteligência não anularia o papel dos Espíritos protetores?
A Gênese, Cap. III, item 16: Esta teoria de nenhum modo anula o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é fato observado e comprovado pela experiência; mas, deve-se notar que a ação desses Espíritos é essencialmente individual; que se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido e que em parte nenhuma apresenta a uniformidade e a generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz ele próprio os cegos, porém confia a inteligências livres o cuidado de guiar os clarividentes, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores constitui um dever que eles aceitam voluntariamente e lhes é um meio de se adiantarem, dependendo o adiantamento da forma por que o desempenhem.

9. Avaliando o papel desempenhado pelo instinto, como sendo um certo direcionamento que a criatura obedece inconscientemente, não é de se esperar que o instinto se confunda com as paixões, que exercem também um impulso que a criatura atende quase que sem perceber? Qual seria a diferença entre o instinto e as paixões?
A Gênese, Cap. III, item 18: Sendo o instinto o guia e as paixões as molas da alma no período inicial do seu desenvolvimento, por vezes aquele e estas se confundem nos efeitos. Há, contudo, entre esses dois princípios, diferenças que muito importa se considerem.
O instinto é guia seguro, sempre bom. Pode, ao cabo de certo tempo, tornar-se inútil, porém nunca prejudicial. Enfraquece-se pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm de comum com o instinto o serem as criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto, do organismo. O que, acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes; variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis, como estimulante, até à eclosão do senso moral, que faz nasça de um ser passivo, um ser racional. Nesse momento, tornam-se não só inúteis, como nocivas ao progresso do Espírito, cuja desmaterialização retardam. Abrandam-se com o desenvolvimento da razão.

10. Tendo-se em vista que as paixões se traduzem por arrastamentos quase irresistíveis e que levam ao sofrimento do homem, não seria de supor que se o homem agisse constantemente pelo instinto, guia seguro, infalível, ele evitaria as armadilhas das paixões? Por outro lado, sabemos que nos cabe buscar o progresso moral e intelectual, o que pressupõe o aniquilamento das paixões e do instinto com o conseqüente desenvolvimento do amor e da razão. Pois bem, como se aniquilam o instinto e as paixões?
A Gênese, Cap. III, item 19: O homem que só pelo instinto agisse constantemente poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros. Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se.

Muita paz!