terça-feira, junho 20, 2006

Inteligência e instinto (q.71 a 75)


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Olá a todos,

Chegamos ao último item da primeira parte d’O Livro dos Espíritos. Nesta semana, estudaremos sobre a inteligência e o instinto (q. 71 a 75). Para que façamos bom proveito do estudo, sugiro a leitura do capítulo 3 de A Gênese.

Vamos às questões de reflexão:

1. O que é o instinto?

2. No homem, qual é predominante, o instinto ou a inteligência?

3. De que forma a inteligência se revela?

4. A inteligência se desenvolve com o corpo ou é atributo da alma?

5. Entre a inteligência e o instinto, qual poderíamos considerar um guia seguro, que nunca se engana?

6. Considerando o ato de caminhar no homem, podemos dizer que se trata de ato instintivo ou inteligente?

7. Considerando que o sentimento materno é um ato instintivo, não seria certo dizer que, de certa forma, o instinto tira o mérito do amor revelado pela maternidade, já que a mãe age por, diríamos, mero impulso da natureza?

8. Sabendo que o instinto e a inteligência são recursos que a Providência Divina oferece aos animais e ao homem com o fim de se conservarem e protegerem, como fica o papel dos Espíritos protetores, encarregados de ajudarem seus protegidos? A teoria do instinto e da inteligência não anularia o papel dos Espíritos protetores?

9. Avaliando o papel desempenhado pelo instinto, como sendo um certo direcionamento que a criatura obedece inconscientemente, não é de se esperar que o instinto se confunda com as paixões, que exercem também um impulso que a criatura atende quase que sem perceber? Qual seria a diferença entre o instinto e as paixões?

10. Tendo-se em vista que as paixões se traduzem por arrastamentos quase irresistíveis e que levam ao sofrimento do homem, não seria de supor que se o homem agisse constantemente pelo instinto, guia seguro, infalível, ele evitaria as armadilhas das paixões? Por outro lado, sabemos que nos cabe buscar o progresso moral e intelectual, o que pressupõe o aniquilamento das paixões e do instinto com o conseqüente desenvolvimento do amor e da razão. Pois bem, como se aniquilam o instinto e as paixões?

Resumo de O Livro dos Espíritos
Inteligência e instinto
- A inteligência não é atributo do princípio vital, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la.
A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades.
Podem distinguir-se assim: 1.º, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2.º, os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 3.º, os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar. (q. 71)
- A fonte da inteligência é a inteligência universal. (q. 72)

- Dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila como o faz com o princípio da vida material não seria mais que uma simples comparação, todavia inexata. A inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número. (q. 72a)
O instinto precisamente não independe da inteligência, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades. (q. 73)
- Não se pode estabelecer uma linha de separação entre instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba começa a outra, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência. (q. 74)

- Não é acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais. O instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia. (q. 75)

- A razão nem sempre é guia infalível. Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.
O instinto varia em suas manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade. (q. 75a)
Muita paz!