terça-feira, junho 27, 2006

Origem e natureza dos Espíritos (q.76 a 83)

A Segunda Parte de O Livro dos Espíritos se intitula "Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos" e é desdobrada em O Livro dos Médiuns. Composto por 11 capítulos, o primeiro deles, que trata da "origem e natureza dos Espíritos", vai da questão 76 à 83. Para o estudo deste capítulo, sugere-se a leitura do terceiro capítulo da obra Estudos Espíritas, do Espírito Joanna de Ângelis/Divaldo Franco.

Vamos às questões de reflexão:
1. Qual a definição que se pode dar aos espíritos?

Em todas as questões desta semana, acompanharemos as respostas da mentora de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis, colhidas no livro Estudos Espíritas, Capítulo 3. Joanna assim se expressa a respeito dos Espíritos: “Individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, criadas por Deus, independente da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo.”

2. A existência do Espírito se circunscreve a um período limitado de tempo e de ocupação no espaço?

“Os Espíritos são de todos os tempos, desde que a criação é infinita, sempre existiram e jamais cessarão. Constituem os seres que habitam tudo, no Cosmo, tornando-se uma das potências da Natureza e atuam na Obra Divina como cooperadores, do que resulta a própria evolução e aperfeiçoamento intérmino. Indestrutíveis, jamais terão fim, não obstante possuindo princípio, quando a Excelsa Vontade os criou.”

3. Pode-se ter idéia de como se originam os Espíritos?

“Perdendo-se suas origens no intrincado da complexidade das leis, transcende ao entendimento humano o mecanismo de seu nascimento e formação, princípio inteligente que são, a glorificar a Obra de Deus em toda parte.”
Muita paz,

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Resumo de O Livro dos Espíritos

Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos

Como definição, pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.
NOTA — A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo. (q. 76)

Os Espíritos são obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. O mesmo se dá com relação a Deus: somos seus filhos, pois que somos obra sua. (q. 77)

Os Espíritos tiveram princípio, ou seja, não existem, como Deus, de toda a eternidade. Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação sua e se acham submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável.
Quanto, porém, ao modo por que nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Pode-se dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério. (q. 78)

Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos. (q. 79)

A criação dos Espíritos é permanente, quer dizer: Deus jamais deixou de criar. (q. 80)

Deus cria os Espíritos, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade. Mas, repete-se ainda uma vez, a origem deles é mistério. (q. 81)

Para uma idéia mais acertada do que são os Espíritos, faltam-nos termos de comparação e nossa linguagem é deficiente. É como se um cego de nascença tentasse definir a luz. Dizer-se que os Espíritos são imateriais não é correto; dizer que são incorpóreos seria mais exato, pois deve-se compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada [vem de quinta-essência - Dicionário Aurélio: 1. O que há de principal, de melhor ou de mais puro; o essencial. 2. Na tradição pitagórica seguida por Aristóteles o quinto elemento ou substância primária, que é corpórea, brilhante e sutil, e com que são feitos os céus e corpos celestes], mas sem analogia para nós, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos nossos sentidos.
Nota de Kardec: Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as idéias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação. (q. 82)

Perguntados se os Espíritos têm fim, os Instrutores Espirituais respondem que há muitas coisas que não compreendamos, porque nossa inteligência é limitada. Isso, porém, não é razão para que afastemos, repilemos essas coisas. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. E concluem: “dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.” (q. 83)

Para continuar conhecendo os grandes vultos do Espiritismo, clique nos seguintes links:
http://www.espirito.org.br/portal/biografias/index.html
http://www.espiritismogi.com.br/biografias.htm
http://www.universoespirita.net/grandes_nomes/grandes_nomes.htm
http://www.feparana.com.br/biografias/biografias.htm

segunda-feira, junho 26, 2006

Inteligência e instinto (q.71 a 75) - Conclusão

Olá a todos,

Vamos concluir o estudo da semana?

Notem que as respostas deste estudo foram retiradas, integralmente, da obra A Gênese, de Kardec.

1. O que é o instinto?
A Gênese, Cap. III, item 11: O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário; que as plantas trepadeiras se enroscam em torno daquilo que lhes serve de apoio, ou se lhe agarram com as gavinhas. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios; que constroem, sem ensino prévio, com mais ou menos arte, segundo as espécies, leitos macios e abrigos para as suas progênies, armadilhas para apanhar a presa de que se nutrem; que manejam destramente as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe choca os filhos e que estes procuram o seio materno.

2. No homem, qual é predominante, o instinto ou a inteligência?
A Gênese, Cap. III, item 11: No homem, só em começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No próprio adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.

3. De que forma a inteligência se revela?
A Gênese, Cap. III, item 12: A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias.

4. A inteligência se desenvolve com o corpo ou é atributo da alma?
A Gênese, Cap. III, item 12: A inteligência é incontestavelmente um atributo exclusivo da alma.

5. Entre a inteligência e o instinto, qual poderíamos considerar um guia seguro, que nunca se engana?
A Gênese, Cap. III, item 12: O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar.
Ao ato instintivo falta o caráter do ato inteligente; revela, entretanto, uma causa inteligente, essencialmente apta a prever. Se se admitir que o instinto procede da matéria, ter-se-á de admitir que a matéria é inteligente, até mesmo bem mais inteligente e previdente do que a alma, pois que o instinto não se engana, ao passo que a inteligência se equivoca.

6. Considerando o ato de andar do homem, podemos dizer que se trata de ato instintivo ou inteligente?
A Gênese, Cap. III, item 13: No caminhar, por exemplo, o movimento das pernas é instintivo; o homem põe maquinalmente um pé à frente do outro, sem nisso pensar; quando, porém, ele quer acelerar ou demorar o passo, levantar o pé ou desviar-se de um tropeço, há cálculo, combinação; ele age com deliberado propósito. A impulsão involuntária do movimento é o ato instintivo; a calculada direção do movimento é o ato inteligente.

7. Considerando que o sentimento materno é um ato instintivo, não seria certo dizer que, de certa forma, o instinto tira o mérito do amor revelado pela maternidade, já que a mãe age por, diríamos, mero impulso da natureza?
A Gênese, Cap. III, item 15: O instinto materno, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, fica realçado e enobrecido. Em razão das suas conseqüências, não devia ele ser entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio. Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.

8. Sabendo que o instinto e a inteligência são recursos que a Providência Divina oferece aos animais e ao homem com o fim de se conservarem e protegerem, como fica o papel dos Espíritos protetores, encarregados de ajudarem seus protegidos? A teoria do instinto e da inteligência não anularia o papel dos Espíritos protetores?
A Gênese, Cap. III, item 16: Esta teoria de nenhum modo anula o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é fato observado e comprovado pela experiência; mas, deve-se notar que a ação desses Espíritos é essencialmente individual; que se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido e que em parte nenhuma apresenta a uniformidade e a generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz ele próprio os cegos, porém confia a inteligências livres o cuidado de guiar os clarividentes, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores constitui um dever que eles aceitam voluntariamente e lhes é um meio de se adiantarem, dependendo o adiantamento da forma por que o desempenhem.

9. Avaliando o papel desempenhado pelo instinto, como sendo um certo direcionamento que a criatura obedece inconscientemente, não é de se esperar que o instinto se confunda com as paixões, que exercem também um impulso que a criatura atende quase que sem perceber? Qual seria a diferença entre o instinto e as paixões?
A Gênese, Cap. III, item 18: Sendo o instinto o guia e as paixões as molas da alma no período inicial do seu desenvolvimento, por vezes aquele e estas se confundem nos efeitos. Há, contudo, entre esses dois princípios, diferenças que muito importa se considerem.
O instinto é guia seguro, sempre bom. Pode, ao cabo de certo tempo, tornar-se inútil, porém nunca prejudicial. Enfraquece-se pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm de comum com o instinto o serem as criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto, do organismo. O que, acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes; variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis, como estimulante, até à eclosão do senso moral, que faz nasça de um ser passivo, um ser racional. Nesse momento, tornam-se não só inúteis, como nocivas ao progresso do Espírito, cuja desmaterialização retardam. Abrandam-se com o desenvolvimento da razão.

10. Tendo-se em vista que as paixões se traduzem por arrastamentos quase irresistíveis e que levam ao sofrimento do homem, não seria de supor que se o homem agisse constantemente pelo instinto, guia seguro, infalível, ele evitaria as armadilhas das paixões? Por outro lado, sabemos que nos cabe buscar o progresso moral e intelectual, o que pressupõe o aniquilamento das paixões e do instinto com o conseqüente desenvolvimento do amor e da razão. Pois bem, como se aniquilam o instinto e as paixões?
A Gênese, Cap. III, item 19: O homem que só pelo instinto agisse constantemente poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros. Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se.

Muita paz!