Formação dos mundos (q. 37 a 42) - Conclusão
Olá a todos,
Vamos a uma proposta de solução das questões desta semana:
1. Como a vontade pode ser criadora, conforme a questão de n° 38?
Os Espíritos Instrutores respondem a Kardec que Deus criou o Universo por um ato de sua vontade. E, em nossa reflexão, nos perguntamos como pode a vontade criar? O que visamos com nossa questão é traçar um paralelo entre a vontade de Deus, que criou o Universo, e a nossa vontade que pode também criar o universo que nos rodeia.
Baseamo-nos no primeiro capítulo do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz. O autor espiritual inicia explicando que no “fluido cósmico, hausto do criador, elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano. Em seguida, ele menciona que os Espíritos evoluídos extraem desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Co-criação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa. Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.”
Um pouco à frente, André Luiz explica que, “em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utilizam o mesmo fluído cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Co-criação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebrecidos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibradas ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que valem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princípio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmicas, que desafiam a passagem dos milênios.”
Traduzindo: Deus criou o Universo. As Inteligências purificadas, que já compreendem as Leis Divinas, participam de uma co-criação maior, manejando o fluido cósmico na construção dos astros, planetas, etc. E, finalmente, no nível em que nos situamos, participamos de uma co-criação menor formando nosso próprio corpo e o ambiente psíquico que nos rodeia, seja ele iluminado ou purgatorial.
Para nos auxiliar a compreender o poder da vontade na manipulação do fluido cósmico, pedimos auxílio a um dos nossos autores preferidos, Léon Denis. E ele nos socorreu no capítulo 32 de Depois da Morte, do qual retiramos alguns fragmentos:
- A vontade é a faculdade soberana da alma, a força espiritual por excelência, e pode mesmo dizer-se que é a essência da sua personalidade. Seu poder sobre os fluidos é acrescido com a elevação do Espírito. No meio terrestre, seus efeitos sobre a matéria são limitados, porque o homem se ignora e não sabe utilizar-se das forças que estão em si; porém, nos mundos mais adiantados, o ser humano, que já tem aprendido a querer, impera sobre a natureza Inteira, dirige facilmente os fluídos, produz fenômenos, metamorfoses que vão até ao prodígio. No espaço e nesses mundos, a matéria apresenta-se sob estados fluidicos de que apenas podemos ter uma idéia vaga. Assim como na Terra certas combinações químicas se produzem unicamente sob a Influência da luz, assim também, nesses meios, os fluídos não se unem nem se ligam senão por um ato da vontade dos seres superiores.
- Essa evolução paralela entre a matéria e o Espírito, pela qual o ser conquista seus órgãos, suas faculdades; pela qual se constrói a si mesmo e se aperfeiçoa sem cessar, mostra-nos ainda a solidariedade que liga as forças universais, o mundo das almas e o mundo dos corpos. Mostra-nos principalmente riquezas, inesgotáveis recursos que o ser pode criar por um uso metódico e perseverante da vontade, pois esta é a força suprema, é a própria alma exercendo seu império sobre as potências inferiores.
- Para regular o nosso adiantamento, preparar o nosso futuro, fortificarmo-nos ou nos rebaixarmos, é bastante fazer uso da vontade. Não há acaso nem fatalidade, mas, sim, forças e leis.
- Tudo isso é, entretanto, pouca coisa ao lado dos efeitos obtidos nesses meios superiores em que, por determinação do Espírito, todas as forças se combinam e entram em ação. E se, nessa ordem de idéias, elevássemos ainda mais o nosso pensamento, não chegaríamos, por analogia, a entrever como a vontade divina, atuando sobre a matéria cósmica, pode formar sóis, traçar as órbitas do mundo, criar os universos?
Acho que já está clara a idéia, mas não podemos deixar de citar o nosso Codificador, Allan Kardec:
- Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que a mão é para o homem. (A Gênese, Cap. XIV, item 14)
Concluindo, é dessa forma que a vontade é criadora. Para não nos alongarmos ainda mais neste único item, sugerimos a leitura do segundo capítulo (A Vontade) do livro Pensamento e Vida, de Emmanuel e Francisco Cândido Xavier.
2. Explique a idéia da condensação da matéria para a formação dos mundos.
A idéia corrente da Física é que o Universo apareceu há cerca de 15 bilhões de anos, por meio de uma grande explosão, chamada big-bang. Por conta disso e considerando as observações atuais, os cientistas afirmam que o Universo encontra-se em expansão, confirmando as palavras de Jesus: “meu Pai trabalha ainda e eu também trabalho”. Assim, fiarmos numa criação completa em seis dias e um descanso no sétimo seria ingenuidade, mesmo porque o livro Gênesis, atribuído a Moisés, coloca nossa minúscula Terra como foco, centro, palco principal da criação.
O Livro dos Espíritos nos ensina a respeito do fluido cósmico que é a energia da Física. Uma das propriedades desse fluido é a de se juntar, se tornar tangível, matéria, enfim. Os mundos materiais, portanto, que vemos, assim como nossos próprios corpos, nada mais são que energia condensada. Tanto é que, quando “vence o prazo de validade”, eles se disseminam novamente na energia, voltam a ser fluido cósmico. Assim, FLUIDO CÓSMICO – MATÉRIA – FLUIDO CÓSMICO.
3. De acordo com a questão 40, os astros influem ou não em nossa vida?
Os astros influem, sim, em alguns fenômenos físicos, como o das marés. Vejamos explicação da Wikipedia: “as marés se referem a fenômenos sentidos em um corpo devido à perturbação do campo gravítico causado pela interferência de um ou mais corpos externos. A maré é identificada com o fenômeno da alteração da altura dos mares e oceanos, causado pela interferência da Lua e do Sol sobre o campo gravítico da Terra.”
Pronto. Os astros influem aí, mas não podem influenciar o nosso destino, como dissemos, nosso. Nós somos responsáveis pelo nosso destino e não devemos nos impressionar com a “conjugação de Áries com ascendente em Escorpião” ou com a informação alvissareira que promete “dia propício para você encontrar alguém de Capricórnio e viver o grande amor de sua vida”, etc.
4. Como ocorre o desaparecimento dos mundos materiais?
Como escrevemos acima, com o desgaste da matéria, os mundos materiais são destruídos e retornam, são disseminados no fluido cósmico, isto é, voltam a ser energia. Também afirmamos, é o mesmo que ocorre com o nosso corpo físico, esse abençoado envoltório, vestuário que utilizamos por um determinado período na jornada de evolução do Espírito e que devolvemos à sua origem (a frase “do pó viestes, ao pó voltarás” será irretocável se trocarmos pó por energia).
5. De acordo com a questão de n° 42, a Terra não foi formada em um único dia, como encontramos no Gênesis, da Bíblia. Como teria sido, então, esse processo de criação da Terra?
Na obra A Gênese, Allan Kardec discute três teorias sobre a formação da Terra:
- Teoria da projeção: formulada por Buffon, que “supôs que, sendo o Sol uma massa incandescente em fusão, um cometa se haja chocado com ele e, raspando-lhe a superfície, tenha destacado desta uma porção que, projetada no espaço pela violência do choque, se dividiu em muitos fragmentos, formando esses fragmentos os planetas, que continuaram a mover-se circularmente, pela combinação das forças centrífuga e centrípeta, no sentido dado pela direção do choque primitivo, isto é, no plano da eclíptica. Os planetas seriam assim partes da substância incandescente do Sol e, por conseguinte, também teriam sido incandescentes, em sua origem.” Esta teoria já foi contraditada pela Ciência;
- Teoria da condensação: vamos oferecer a palavra ao Espírito Galileu, retirada do cap.VI, itens 20 a 23, da obra A Gênese, de Allan Kardec: “Sucedeu que, num ponto do Universo, perdido entre as miríades de mundos, a matéria cósmica se condensou sob a forma de imensa nebulosa, animada esta das leis universais que regem a matéria. Em virtude dessas leis, notadamente da força molecular de atração, tomou ela a forma de um esferóide, a única que pode assumir uma massa de matéria insulada no espaço. O movimento circular produzido pela gravitação, rigorosamente igual, de todas as zonas moleculares em direção ao centro, logo modificou a esfera primitiva, a fim de a conduzir, de movimento em movimento, à forma lenticular. Falamos do conjunto da nebulosa. Novas forças surgiram em conseqüência desse movimento de rotação: a força centrípeta e a força centrífuga, a primeira tendendo a reunir todas as partes no centro, tendendo a segunda a afastá-las dele. Ora, acelerando-se o movimento, à medida que a nebulosa se condensa, e aumentando o seu raio, à medida que ela se aproxima da forma lenticular, a força centrífuga, incessantemente desenvolvida por essas duas causas, predominou de pronto sobre a atração central. Assim como um movimento demasiado rápido da funda lhe quebra a corda, indo o projetil cair longe, também a predominância da força centrífuga destacou o circo equatorial da nebulosa e desse anel uma nova massa se formou, isolada da primeira, mas, todavia, submetida ao seu império. Aquela massa conservou o seu movimento equatorial que, modificado, se lhe tornou movimento de translação em torno do astro solar. Ao demais, o seu novo estado lhe dá um movimento de rotação em torno do próprio centro.
A nebulosa geratriz, que deu origem a esse novo mundo, condensou-se e retomou a forma esférica; mas, como o primitivo calor, desenvolvido por seus diversos movimentos, só com extrema lentidão se atenuasse, o fenômeno que acabamos de descrever se reproduzirá muitas vezes e durante longo período, enquanto a nebulosa não se haja tornado bastante densa, bastante sólida, para oferecer resistência eficaz às modificações de forma, que o seu movimento de rotação sucessivamente lhe imprime.
Ela, pois, não terá dado nascimento a um só astro, mas a centenas de mundos destacados do foco central, saídos dela pelo modo de formação mencionado acima. Ora, cada um de seus mundos, revestido, como o mundo primitivo, das forças naturais que presidem à criação dos universos gerará sucessivamente novos globos que desde então lhe gravitarão em torno, como ele, juntamente com seus irmãos, gravita em torno do foco que lhes deu existência e vida. Cada um desses mundos será um Sol, centro de um turbilhão de planetas sucessivamente destacados do seu equador. Esses planetas receberão uma vida especial, particular, embora dependente do astro que os gerou.
Os planetas são, assim, formados de massas de matéria condensada, porém, ainda não solidificada, destacadas da massa central pela ação de força centrífuga e que tomam, em virtude das leis do movimento, a forma esferoidal, mais ou menos elíptica, conforme o grau de fluidez que conservaram. Um desses planetas será a Terra que, antes de se resfriar e revestir de uma crosta sólida, dará nascimento à Lua, pelo mesmo processo de formação astral a que ela própria deveu a sua existência. A Terra, doravante inscrita no livro da vida, berço de criaturas cuja fraqueza as asas da divina Providência protege, nova corda colocada na harpa infinita e que, no lugar que ocupa, tem de vibrar no concerto universal dos mundos.”
- Teoria da incrustração: a Terra teria se originado do juntamento de quatro astros gigantescos; um único astro, a lua, teria se recusado (!) a pertencer a esse conjunto. Não é necessário dizer da impossibilidade científica dessa teoria.
A Ciência oficial calcula o aparecimento da Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos e o aparecimento da vida há 2 bilhões de anos. Os capelinos entram na “história” muito tempo depois do próprio aparecimento da vida, já que antes da chegada do homem, “muita água rolou” nos reinos inferiores. Além disso, pelo que imaginamos, os capelinos chegam ao Orbe num momento em que a raça humana já tinha “alguns quilômeros rodados”. Adão e Eva são uma alegoria, um símbolo do aparecimento do homem no palco da Terra; não houve um homem chamado Adão e uma mulher chamada Eva. Como explica Kardec, Adão é um mito que retrata as primeiras fases da povoação da Terra. O princípio da povoação, a chegada dos primeiros seres humanos, portanto, é um mistério para o atual estágio em que nos encontramos.
A Gênese mosaica atribui o “Fiat lux” como tendo ocorrido há 6 mil anos. Não sei como os que acreditam na Bíblia como sendo inerrante (isto é, sem erro, infalível), como sendo a palavra direta de Deus, explicam a descoberta de fósseis com alguns milhões de anos. Para esses, com certeza, a Ciência é blasfema e pecadora e os cientistas, coitados, estão com passaporte carimbado para o inferno.
Vejamos como Kardec trata a questão do respeito que devemos ter pela Ciência:
“A Terra conserva em si os traços evidentes da sua formação. Acompanham-se-lhe as fases com precisão matemática, nos diferentes terrenos que lhe constituem o arcabouço. O conjunto desses estudos forma a ciência chamada Geologia, ciência nascida deste século (XIX) e que projetou luz sobre a tão controvertida questão da origem do globo terreno e da dos seres vivos que o habitam. Neste ponto, não há simples hipótese; há o resultado rigoroso da observação dos fatos e, diante dos fatos, nenhuma dúvida se justifica.
A história da formação da Terra está escrita nas camadas geológicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos, porque é a própria Natureza que fala, que se põe a nu, e não a imaginação dos homens a criar sistemas. Desde que se notem traços de fogo, pode dizer-se com certeza que houve fogo ali; onde se vejam os da água, pode dizer-se que a água ali esteve; desde que se observem os de animais, pode dizer-se que viveram aí animais.
A Geologia é, pois, uma ciência toda de observação; só tira deduções do que vê; sobre os pontos duvidosos, nada afirma; não emite opiniões discutíveis, por esperar de observações mais completas a solução procurada. Sem as descobertas da Geologia, como sem as da Astronomia, a Gênese do mundo ainda estaria nas trevas da lenda. Graças a elas, o homem conhece hoje a história da sua habitação, tendo desmoronado, para não mais tornar a erguer-se, a estrutura de fábulas que lhe rodeavam o berço.” (A Gênese, Cap. 7, item 1)
Acho que está cristalino o fato de que a teoria da condensação é a mais lógica para compreendermos o modo pelo qual se deu a formação da Terra.
Muita paz!
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